Uso de testosterona exógena e sua relação com a esterilidade e a disfunção erétil entre homens



       No nosso último post foi falado sobre a produção dos hormônios gonadotróficos, da testosterona e dos mecanismos de feedback negativo da testosterona. Nesse post será discutido a utilização indiscriminada de testosterona exógena, seja de via oral ou injetável e sua relação com a disfunção erétil e com a infertilidade em homens. Caso não tenha lido nosso último post, sugiro que leia antes de ler este, pois é necessário o entendimento prévio dos tópicos citados para o entendimento do assunto que será discutido.
Eixo hipotalâmico hipofisário gonadal (masculino) – Pietro Fuga


        Como já foi discutido para que haja a produção de testosterona, é necessária a liberação de GnRH pelo hipotálamo, que por sua vez estimulará a produção e liberação de LH e FSH pela hipófise, o LH agindo nas células testiculares de Leydig estimulando a síntese de testosterona e o FSH estimulando as células de Sertoli a sintetizar inibinas e fazer a espermatogênese.
       Com a ação da testosterona exógena, os níveis suprafisiológicos constantes de testosterona na circulação, vai ocasionar o sistema de feedback negativo, no qual a  testosterona será transformada em estradiol e DHT, inibindo a liberação de GnRH pelo hipotálamo e LH e FSH pela hipófise, pois não será necessária mais a produção de testosterona de acordo com os níveis de concentração que se tem.  A partir da inibição do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, não há mais chegada de forma adequada de LH para as células de Leydig produzirem testosterona endógena, e também afetará a chegada de FSH para as células de Sertolli que consequentemente não terá mais como produzir novos espermatozoides. Com essa falta de produção de espermatozoides, os espermatozoides já maduros começarão a se esgotar e caso não haja uma manutenção dos níveis de concentração da testosterona, pode haver a atrofia testicular definitiva, na qual não será possível a volta do trabalho de produção tanto dos espermatozoides quanto da testosterona.
      Então com a falta de produção de espermatozoides o paciente se tornará estéril e com a parada do uso da testosterona de forma exógena, o paciente não terá mais a capacidade de produção endógena de testosterona o que levará a baixa da concentração do hormônio, levando a disfunção erétil, dentre outros problemas. Relembrando que esses sintomas são mais comumente vistos quando há o uso de forma exagerada, sem acompanhamento profissional e por períodos prolongados. Portando caso você pense em utilizar testosterona de forma exógena por algum motivo, procure um médico endocrinologista, para que ele possa te orientar e tentar minimizar os efeitos negativos do uso desse tipo de substância.
Referências:
Dr. Lucas Caseri Câmara: Esteroides Anabólico androgênicos -conceitos fundamentais-
Patricia E. Molina: Fisiologia endócrina - (Editora Lange)

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